quinta-feira, 24 de outubro de 2013

ALCOOLISMO E ADOLECENTES






46% das crianças e adolescentes experimentam bebida alcoólica dentro de casa

Empresa de bebidas lança cartilha para ajudar os pais a conversar sobre isso com os filhos
Por Gabriela Varella, filha de Clélia e Eugênio
22.10.2013 
GOOGLE IMAGES
 

Como abordar o tema de alcoolismo em casa? É sobre isso que aborda o projeto educacional Papo em Família, parceria da Ambev com a Turma da Mônica, da Mauricio de Sousa Produções. O objetivo é conscientizar pais para que tenham conversas sobre bebidas alcoólicas com os filhos, explicando que crianças não podem consumir. Segundo Ricardo Rolim, pai de Lucca e Gabriel, diretor da Ambev, “a questão é como abordar o tema em casa. Quando a criança é mais nova, o pai deve ser autoritário. Quando estiver mais velha, deve haver o diálogo”, explica. O objetivo da cartilha elaborada pela Ambev com as caricaturas de Mauricio de Sousa é tornar o conteúdo mais leve para ser abordado de acordo com a idade da criança.

Segundo a Ambev, 67% dos menores de 18 anos já compraram bebidas alcoólicas. Estudo realizado pelo instituto americano International Center for Alcohol Policies (ICAP) aponta que 46% dos jovens consumiram álcool pela primeira vez no âmbito familiar, dentro de casa. Muitos pais não têm consciência de que é prejudicial e não sabem como tocar nesse assunto com os filhos ou pensam que deixar experimentar não faz mal.

“A minha família sempre teve hábitos saudáveis e passou uma imagem positiva para mim. Meu pai conversou abertamente comigo e explicou o que poderia acontecer caso eu ingerisse álcool”, conta Mônica, filha de Mauricio de Sousa, que inspirou os quadrinhos da Turma da Mônica. No Brasil, 98% dos pais acham importante ter essa conversa com os filhos, mas quase um terço deles contam que não têm essa conversa porque não sabem como começar a falar.
O recomendável é que os pais orientem desde cedo que álcool é bebida de adulto. Não deixe copos ao alcance dos filhos e explique o motivo de ser proibido. O cientista social e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, Edemilson Antunes de Campos, filho de Sylvio e Anesia, foi um dos responsáveis por tornar a linguagem da cartilha mais simplificada. “O assunto deve ser acessível aos jovens”.

Evite
A médica especialista em prevenção e saúde coletiva Bettina Grajcer, mãe de Théo, Ian e Nina, conta que a cada dólar gasto em prevenção, você economiza 10 dólares em tratamento. As crianças costumam experimentar aos 13 anos e aos 15 já fazem uso regular da bebida alcoólica. Para evitar, os pais devem ter um papel ativo na vida dos filhos, com acompanhamento e vínculo afetivo para que não seja estimulado o consumo. “Você não deve impor a sua vontade, mas deve estabelecer limites”, explica a médica. O corpo da criança e o aspecto emocional estão em desenvolvimento, ela não está preparada para receber o álcool e isso deve ser retardado ao máximo. É um desafio que deve começar dentro de casa.

Nossa Opinião
Considerando que segundo os estudiosos 6% da população terá uma tendência mórbida de entrar no vício, isto é tornarem-se alcoolistas, ainda que sejam apenas nos fins de semana ou aqueles que bebem apenas socialmente; há um grande risco de crianças e adolescentes já em tenra idade se tornaram viciados, como se isto fora uma dependência química. Sugerimos que qualquer bebida alcoolica não seja servida em nossos lares, face ao grande número de doenças que acarretam a recorrência dos alcoolistas. (JP)


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

LIDAR COM ESTRESSE É DESAFIO PARA PAIS PREOCUPADOS COM A SAÚDE DO FILHO



 
GETTY IMAGES


Para os pais, o trauma emocional de ver um filho doente ou se machucar equivale a vivenciar uma guerra. Uma doença infantil grave pode lançar uma sombra muito pesada sobre a família, muitas vezes, por anos após a crise ter passado.

Uma mãe se sentou em nossa clínica, recentemente, chorando porque o filho mais velho estava com problemas na escola. Ela se culpava. Anteriormente, o filho caçula adoecera com gravidade, e a mãe achava que tinha sido tão consumida pela preocupação –à época e desde então– que cometeu erros criando o mais velho. Ela insistia que os resultados foram problemas comportamentais e escolares, e não se deixava convencer do contrário.

Eu me perguntei se ela estava perturbada, ao menos em parte, porque a internação do caçula ainda a assustava –ainda que a criança, agora plenamente recuperada, estivesse correndo pelo consultório. Ou talvez –só fui pensar nisso mais tarde– a mãe se lamentasse porque qualquer cenário médico, com médicos, enfermeiros, cheiros e visões hospitalares, desencadeavam emoções intensas.

Os pais podem se ver assombrados por uma doença ou ferimento de um filho. No momento, eles são confrontados pela verdade apavorante de que um filho corre perigo ou sofre dor. Quando as respostas ao estresse normal dos pais causam esgotamento em casos extremos –e quando continuam muito além da enfermidade do filho– um prejuízo adicional pode advir sobre a família. O trauma emocional da experiência, no caso dos pais, o equivalente a vivenciar uma guerra, pode ecoar durante anos.

Pesquisadores que estudam o estresse parental costumam recorrer à metáfora da máscara de oxigênio: se você não respirar, não será capaz de cuidar de seu filho.

"Os pais precisam se sentir bem o suficiente para dar assistência ao filho doente e aos outros", disse Nancy Kassam-Adams, psicóloga que dirige o Centro de Estresse Traumático Pediátrico do Hospital Infantil da Filadélfia. "A pior parte é cuidar de si mesmo."


SAIBA COMO DISCIPLINAR O SEU FILHO DA FORMA CORRETA


Kassam-Adams é a principal autora de uma nova análise a respeito do estresse pós-traumático em crianças e pais depois de um ferimento infantil, cuja conclusão é a de que uma a cada seis crianças, e uma porcentagem parecida de pais, vivencia sintomas significativos e persistentes. Eles podem ter lembranças e sonhos inoportunos ou continuar evitando pessoas ou lugares que recordem as circunstâncias do ferimento ou enfrentar problemas de humor, como a depressão. Sem tratamento, isso pode prejudicar a recuperação física e emocional da criança.

As pesquisas a respeito dos efeitos do estresse parental surgiram enquanto o tratamento do câncer pediátrico resultava em mais e mais histórias de sucesso, vitórias médicas que devolveram as vidas às crianças. Assistentes sociais e funcionários das clínicas –além dos pais em si– começaram a fazer perguntas sobre como ajudar as famílias a tocar o barco com essas infâncias recuperadas de forma triunfal.

O que ajudou, em parte, foi dizer aos pais que eles foram alistados em uma guerra, afirmou Anne E. Kazak, psicóloga pediátrica e codiretora do Centro de Ciências da Saúde Pública, do Sistema de Saúde Pediátrica Nemours, de Wilmington, Delaware. Os pais se identificavam com essa metáfora: "Vocês foram parte da guerra contra o câncer, lutando a batalha".

Parte das estratégias e descobertas obtidas com esse corpo de pesquisa é visível na maioria dos hospitais infantis: um lugar para os pais dormirem, mesmo na unidade de tratamento semi-intensivo, inclusão dos pais nos círculos centrados na família e equipes afinadas em interpretar um comportamento extremo de um pai como um grito de ajuda, e não uma fonte de irritação e de trabalho dobrado.

Porém, o que acontece depois que as crianças saem da zona de perigo médico? Muitos pais continuam a vivenciar os sintomas físicos do estresse, como pulso acelerado e boca seca. Eles ficam se lembrando do momento do diagnóstico de câncer, do instante do nascimento prematuro e da hora do acidente.
"Para mim, um pai traumatizado sempre está à espera de outro acontecimento, sempre de olho no horizonte", afirmou o médico Richard J. Shaw, professor de psiquiatria na Stanford.

Veja ideias de atividades físicas para pais e filhos fazerem juntos

GOOGLE IMAGES


Consultoria: Ricardo Barros, pediatra e coordenador do grupo de trabalho em medicina esportiva da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria); Rodrigo Assi, preparador físico pós-graduado em fisiologia do exercício e fisioterapia no esporte; Joel Conceição Bressa da Cunha, pediatra do Departamento Científico de Saúde Escolar da SBP; Luís Fernando Taioli, professor de natação infantil da Academia Competition, em São Paulo, e Lucas Buendia, professor de esportes da Academia Competition Orlando/UOL

Segundo artigo publicado, neste mês, na "Pediatrics", Shaw e colegas demonstraram que uma simples intervenção preventiva poderia reduzir de forma significativa os níveis de estresse traumático e de depressão vivenciados pelos pais de bebês prematuros na UTI. Sabe-se que tais pais –observando os nenéns tão minúsculos lutando em um dos ambientes mais perturbadores e de alta tecnologia da medicina– correm um risco elevado de sintomas de estresse severo, como pesadelos e crise de ansiedade.

"A esperança para o nosso estudo era que pudéssemos reduzir o trauma e a ansiedade dos pais e assim ajudá-los enquanto os filhos vão crescendo", explicou Richard Shaw.

Ele e seus colegas usaram muitas técnicas da terapia de comportamento cognitivo. Os pais descobriram maneiras pelas quais o estresse costuma se manifestar e modos para lidar com ele, como o relaxamento muscular. Eles também aprenderam formas de compreender e descrever o que lhes acontecia.
"Técnicas de reestruturação cognitiva ajudam as pessoas a reinterpretar e prestar atenção no positivo, sem descambar na catástrofe, desenvolvendo uma narrativa do trauma de sua experiência", disse o psiquiatra Shaw.

Um recado para os médicos é perguntar sobre a doença passada, e sintomas possivelmente relacionados, e garantir que as famílias em sofrimento sejam encaminhadas a serviços de saúde mental, nos quais as pessoas têm experiência com o estresse traumático.

"Enquanto pais, queremos a segurança dos nossos filhos. Depois que você passa por isso, sabe que eles nunca estarão 100% seguros, e não é fácil parar de pensar nisso", declarou Kassam-Adams.

* Perri Klass é médica pediatra.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

COMO É FEITO O DIAGNÓSTICO DO AUTISMO?

 
Como diagnosticar o autismo?

FONTE : http://cidaautismo.wordpress.com/como-diagnosticar-o-autismo/

          

Para o diagnóstico do autismo, deverá ser utilizado  um amplo protocolo de avaliações de preferência multidisciplinares (neurologista, pediatra, psicóloga, fonoaudióloga dentre outros), bem como a realização de exames não para a detecção do autismo, mas para identificação de outros quadros que com frequência se associam ao autismo. É comum para este fim a realização de avaliação auditiva, análise bioquímica para erros inatos do metabolismo, exames de cariótipo, eletroencefalograma, ressonância magnética de crânio, além de outros.

A avaliação neuropsicólogica tem sido indicada pois comumente utiliza-se de instrumentos de investigação específicos para o autismo, como por exemplo as escalas: CARS. PEP-R,IDEA,etc.

Existem também as orientações diagnósticas presentes nos dois instrumentos internacionais:

•DSM-IV: Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais
•CID-10: Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
Diretrizes diagnósticas para autismo infantil de acordo com o CID-10
Fonte: OMS – Organização Mundial de Saúde
(Classificação dos transtornos mentais e de comportamento da CID-10: descrições clínicas e diretrizes diagnósticas. Porto Alegre, Artes Médicas, 1993. (WHO, 1992) (WHO – World Health Organization / Organização Mundial de Saúde)

Transtorno invasivo do desenvolvimento definido pela presença de desenvolvimento anormal e/ou comprometido em todas as três áreas de interação social, comunicação e comportamento restrito e repetitivo. Manifesta-se antes dos três anos de idade e ocorre três a quatro vezes, mais em meninos.

a) Comprometimentos qualitativos na interação social recíproca:
Apreciação inadequada de indicadores sócio-emocionais, como demonstrada por uma falta de respostas para as emoções de outras pessoas e/ou falta de modulação do comportamento de acordo com o contexto social;
• Uso insatisfatório de sinais sociais, emocionais e de comunicação e, especialmente, uma falta de reciprocidade sócio-emocional;


b) Comprometimentos qualitativos na comunicação:
Falta de uso social de quaisquer habilidades de linguagem que estejam presentes; Comprometimentos em brincadeiras de faz-de-conta e jogos sociais de imitação;
• Pouca sincronia e falta de reciprocidade no intercâmbio de conversação;
• Pouca flexibilidade na expressão da linguagem e uma relativa ausência de criatividade e fantasia nos processos de pensamento; Falta de resposta emocional às iniciativas verbais e não-verbais de outras pessoas;
• Uso comprometido de variações na cadência ou ênfase para refletir modulação comunicativa e uma falta similar de gestos concomitantes para dar ênfase ou ajuda na significação na comunicação falada.


c) Padrões de comportamento, interesses e atividades restritos, repetitivos e estereotipados:
Tendência a impor rigidez e rotina a uma ampla série de aspectos do funcionamento diário, usualmente isto se aplica tanto a atividades novas quanto a hábitos familiares e a padrões de brincadeiras;
• Particularmente na primeira infância, pode haver vinculação específica a objetos incomuns, tipicamente não-macios;
• Pode insistir na realização de rotinas particulares e rituais de caráter não-funcional;
• Pode haver preocupações estereotipadas com interesses tais como datas, itinerários, ou horários;
• Freqüentemente há estereotipias motoras; um interesse específico em elementos não-funcionais de objetos (tais como o cheiro e o tato);
• É comum e pode haver resistência à mudança na rotina e em detalhes do meio ambiente pessoal (tais como as movimentações de ornamentos ou móveis da casa).

Além dos aspectos diagnósticos específicos descritos acima, é freqüente a criança com autismo mostrar uma série de problemas não-específicos, tais como:

-Medo/fobias, perturbações de sono e alimentação, ataques de birra e agressão;
-A autolesão (p. ex. morder o punho), é bastante comum, especialmente quando há retardo mental grave associado;
-A maioria dos indivíduos com autismo carece de espontaneidade, iniciativa e criatividade na organização de seu tempo de lazer e tem dificuldade em aplicar conceitualizações em decisões de trabalho (mesmo quando as tarefas em si estão à altura de sua capacidade);
-A manifestação específica dos déficits característicos do autismo muda à medida que as crianças crescem, mas os déficits continuam através da vida adulta com um padrão amplamente similar de problemas de socialização, comunicação e padrões de interesse.
- Todos os níveis de QI podem ocorrer em associação com o autismo, mas há um retardo mental significativo em cerca de três quartos dos casos.
Diretrizes diagnósticas para autismo infantil de acordo com o DSM-IV

Para seu diagnóstico, pelo DSM – IV (1996) são necessários:

A. Um total de seis (ou mais) itens de (1), (2) e (3), com pelo menos dois de (1), um de (2) e um de (3):

(1) prejuízo qualitativo na interação social, manifestado por pelo menos dois dos seguintes aspectos:
(a) prejuízo acentuado no uso de múltiplos comportamentos não-verbais, tais como contato visual direto, expressão facial, postura corporal e gestos para regular a interação social.
(b) fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares apropriados ao nível de desenvolvimento.
(c) falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas ( por ex.: não mostrar, trazer ou apontar objetos de interesse).
(d) falta de reciprocidade social ou emocional.

(2) prejuízos qualitativos na comunicação, manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos:
(a) atraso ou ausência total de desenvolvimento da linguagem falada (não acompanhado por uma tentativa de compensar através de modos alternativos de comunicação, tais como gestos
ou mímica).
(b) em indivíduos com fala adequada, acentuado prejuízo na capacidade de iniciar ou manter uma conversação.
(c) uso estereotipado e repetitivo da linguagem ou linguagem idiossincrática.
(d) falta de jogos ou brincadeiras de imitação social variados e espontâneos, apropriados ao nível de desenvolvimento.

(3) padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades manifestados por pelo menos um dos seguintes aspectos:
(a) preocupação insistente com um ou mais padrões estereotipados e restritos de interesse, anormais em intensidade ou foco.
(b) adesão aparentemente inflexível a rotinas ou rituais específicos e não-funcionais.
(c) maneirismos motores estereotipados e repetitivos (por ex.: agitar ou torcer mãos ou dedos, ou movimentos complexos de todo o corpo).
(d) preocupação persistente com partes de objetos.

B. Atrasos ou funcionamento anormal em pelo menos uma das seguintes áreas, com início antes dos 3 anos de idade:
(1)interação social
(2) linguagem para fins de comunicação social, ou
(3) jogos imaginativos ou simbólicos.

C. A perturbação não é melhor explicada por transtorno de Rett ou transtorno. Desintegrativo
da infância.
—————————————————————————————
Ressaltamos que o Diagnóstico é multidisciplinar, deve ser feito por profissionais gabaritados e de preferência com experiência em Autismo.
Estes indicadores apenas podem confirmar suspeitas e direcionar as ações da família.

__________________________________________________________

Diagnóstico do Autismo

No Brasil, o diagnóstico do autismo oficial é organizado pelo CID-10, código internacional de doenças, décima edição. No entanto, é importante saber que o diagnóstico do Autismo e de outros quadros do espectro são obtidos através de observação clínica e pela história referida pelos pais ou responsáveis. Assim, não existem marcadores biológicos que definam o quadro. Alguns exames laboratoriais podem permitir a compreensão de fatores associados a ele, mas ainda assim o diagnóstico do autismo é clínico.

Além da CID-10, outros manuais procuraram organizar o entendimento das doenças. Entre eles, tem sido bastante utilizado o Manual de Classificação de Doenças Mentais da Associação Americana de Psiquiatria, o DSM, que está na 4a edição. O DSM-IV é relativamente parecido com o CID-10.  Sua nova edição, porém, o DSM-V, que está sendo preparada para ser lançada em 2013, prevê muitas modificações na organização do diagnóstico do autismo. A principal será a eliminação das categorias Autismo, síndrome de Asperger, Transtorno Desintegrativo e Transtorno Global do Desenvolvimento Sem Outra Especificação.  Existirá apenas uma denominação: Transtornos do Espectro Autista.

Essa decisão baseia-se principalmente no conhecimento acumulado.  Por meio dele sabemos que é relativamente fácil reconhecer que uma pessoa pertence ao grupo de transtorno global. Nem sempre, porém, é possível determinar se o quadro é compatível com autismo, Asperger, etc.
A seguir apresentamos a proposta atual para o DSM-V e as justificativas dos seus proponentes.

DSM-V : Transtorno do Espectro do Autismo
Deve preencher os critérios 1, 2 e 3 abaixo:
1. Déficits clinicamente significativos e persistentes na comunicação social e nas interações sociais, manifestadas de todas as maneiras seguintes:
a. Déficits expressivos na comunicação não verbal e verbal usadas para interação social;
b. Falta de reciprocidade social;
c. Incapacidade para desenvolver e manter relacionamentos de amizade apropriados para o estágio de desenvolvimento.

2. Padrões restritos e repetitivos de comportamento, interesses e atividades, manifestados por pelo menos duas das maneiras abaixo:
a. Comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns;
b. Excessiva adesão/aderência a rotinas e padrões ritualizados de comportamento;
c. Interesses restritos, fixos e intensos.
3. Os sintomas devem estar presentes no início da infância, mas podem não se manifestar completamente até que as demandas sociais excedam o limite de suas capacidades.

Justificativas:

A. Novo nome para a categoria, Transtorno do Espectro do Autismo, que inclui transtorno autístico (autismo), transtorno de Asperger, transtorno desintegrativo da infância, e transtorno global ou invasivo do desenvolvimento sem outra especificação.

A diferenciação entre Transtorno do Espectro do Autismo, desenvolvimento típico/normal e de outros transtornos “fora do espectro” é feita com segurança e com validade. No entanto, as distinções entre os transtornos têm se mostrado inconsistentes com o passar do tempo. Variáveis dependentes do ambiente, e frequentemente associadas à gravidade, nível de linguagem ou inteligência, parecem contribuir mais do que as características do transtorno.
Como o autismo é definido por um conjunto comum de sintomas, estamos admitindo que ele seja melhor representado por uma única categoria diagnóstica, adaptável conforme apresentação clínica individual, que permite incluir especificidades clínicas como, por exemplo, transtornos genéticos conhecidos, epilepsia, deficiência intelectual e outros. Um transtorno na forma de espectro único, reflete melhor o estágio de conhecimento sobre a patologia e sua apresentação clínica.  Previamente, os critérios eram equivalentes a tentar “separar joio do trigo”.

B. Três domínios se tornam dois:
1) Deficiências sociais e de comunicação;
2) Interesses restritos, fixos e intensos e comportamentos repetitivos.

Déficits na comunicação e comportamentos sociais são inseparáveis, e avaliados mais acuradamente quando observados como um único conjunto de sintomas com especificidades contextuais e ambientais.

Atrasos de linguagem não são características exclusivas dos transtornos do espectro do autismo e nem universais dentro dele. Podem ser definidos, mais apropriadamente, como fatores que influenciam nos sintomas clínicos de TEA, e não como critérios do diagnóstico do autismo para esses transtornos.

Exigir que ambos os critérios sejam completamente preenchidos, melhora a especificidade diagnóstico do autismo sem prejudicar sua sensibilidade.

Fornecer exemplos a serem incluídos em subdomínios, para uma série de idades cronológicas e níveis de linguagem, aumenta a sensibilidade ao longo dos níveis de gravidade, de leve ao mais grave, e ao mesmo tempo mantém a especificidade que temos quando usamos apenas dois domínios.

A decisão foi baseada em revisão de literatura, consultas a especialistas e discussões de grupos de trabalho. Foi confirmada pelos resultados de análises secundárias dos dados feitas pelo CPEA e pelo STAART, Universidade de Michigan, e pelas bases de dados da Simons Simplex Collection.

Muitos critérios sociais e de comunicação foram unidos e simplificados para esclarecer os requerimentos do diagnóstico do autismo.

No DSM IV, critérios múltiplos avaliam o mesmo sintoma e por isso trazem peso excessivo ao ato de diagnosticar.
Unir os domínios social e de comunicação, requer uma nova abordagem dos critérios.

Foram conduzidas análises sobre os sintomas sociais e de comunicação para estabelecer os conjuntos mais sensíveis e específicos de sintomas, bem como os de descrições de critérios para uma série de idades e níveis de linguagem.

Exigir duas manifestações de sintomas para comportamento repetitivos e interesses fixos e focados, melhora a especificidade dos critérios, sem perdas significativas na sensibilidade. A necessidade de fontes múltiplas de informação, incluindo observação clínica especializada e relatos de pais, cuidadores e professores, é ressaltada pela necessidade de atendermos uma proporção mais alta de critérios.

A presença, via observação clínica e relatos do(s) cuidador(es), de uma história de interesses fixos, rotinas ou rituais e comportamentos repetitivos, aumenta consideravelmente a estabilidade do diagnóstico do autismo do espectro do autismo ao longo do tempo,  e reforça a diferenciação entre TEA e os outros transtornos.

A reorganização dos subdomínios, aumenta a clareza e continua a fornecer sensibilidade adequada, ao mesmo tempo que melhora a especificidade necessária através de exemplos de diferentes faixas de idade e níveis de linguagem.

Comportamentos sensoriais incomuns, são explicitamente incluídos dentro de um subdomínio de comportamentos motores e verbais estereotipados, aumentando a especificação daqueles diferentes que podem ser codificados dentro desse domínio, com exemplos particularmente relevantes para crianças mais novas.

C. O Transtorno do Espectro do Autismo é um transtorno do desenvolvimento neurológico, e deve estar presente desde o nascimento ou começo da infância, mas pode não ser detectado antes, por conta das demandas sociais mínimas na mais tenra infância, e do intenso apoio dos pais ou cuidadores nos primeiros anos de vida.