ADOLESCENTES COM TRANSTORNO ALIMENTAR - CONHEÇA OS SINAIS
*fonte: Louise Vernier e Rita Trevisan
Do UOL, em São Paulo - 17/04/201308h25
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Evitar fazer as refeições em família pode ser indício de transtorno alimentar
Irritabilidade, isolamento, tristeza e queda no rendimento escolar são comuns
em adolescentes em determinados momentos do desenvolvimento. Mas, se esses sintomas
vêm acompanhados da recusa alimentar progressiva ou dos excessos à mesa, é bom ficar
atento.Esses são os sinais mais comuns de transtorno alimentar, um problema que
vem crescendo em todo o mundo.
Em geral, esses males levam o jovem a assumir uma mudança repentina de
comportamento em relação à comida, seja por meio da rejeição ou da compulsão.
Outro indício claro de transtorno alimentar é a insatisfação com o próprio corpo.
"Durante a adolescência, os transtornos alimentares mais freqüentes são a
anorexia nervosa, a bulimia nervosa e a compulsão alimentar", afirma o
psiquiatra Adriano Segal, diretor de psiquiatria e transtornos alimentares da
Abeso (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica).
De acordo com o psiquiatra da Abeso, os transtornos alimentares são mais comuns entre as meninas, mas podem atingir meninos também.
De acordo com o psiquiatra da Abeso, os transtornos alimentares são mais comuns entre as meninas, mas podem atingir meninos também.
Cada um dos problemas possui sintomas
específicos. No caso da anorexia nervosa, é comum que o adolescente apresente baixo
peso para sua altura e idade, medo exagerado de engordar e distorção da imagem
corporal. Assim, uma garota que sofre desse transtorno verá sua imagem diferente
no espelho e, mesmo sendo magra, poderá se enxergar com medidas mais avantajadas.
O bulímico, pelo contrário, não costuma ter oscilações de peso, o que dificulta
o diagnóstico da doença pela família. "Ele normalmente come de forma
compulsiva, em grandes quantidades. Porém, logo após a refeição, para compensar
o abuso, induz o vômito, toma laxantes, diuréticos ou se submete a dietas extremamente
restritivas e à prática de atividade física compulsiva", diz o psiquiatra
Glauber Higa Kaio, do Programa de Atenção aos Transtornos Alimentares da
Unifesp (Universidade Federal de São Paulo).
Assim como a bulimia, a compulsão alimentar é caracterizada pelo descontrole
diante da comida, porém quem sofre desse mal não cria nenhuma estratégia de
compensação e acaba ganhando peso. "A pessoa fica deprimida e com forte
sentimento de culpa por ter comido em excesso. Com o tempo, isso pode levar a
uma condição de isolamento", afirma a psicóloga Marilice Rubbo de
Carvalho, especialista em transtornos alimentares pela Escola Paulista de
Medicina.
Outros sinais ajudam a fechar o diagnóstico de transtorno alimentar,
como, por exemplo, evitar fazer as refeições com os pais, passar muito tempo no
banheiro logo depois de comer, ter certa obsessão pór alimentos lights e diets
e contar as calorias de tudo o que consome.
"Obviamente, cabe aos pais estimular hábitos saudáveis. Mas é
preciso estar atento para perceber quando esse aspecto da preocupação com o que
come se torna exacerbado. Na dúvida,
vale procurar orientação profissional", declara o psicólogo Marco Antonio
De Tommaso.
De acordo com o especialista, esses transtornos são mais comuns no final
da adolescência.Porém, vêm crescendo significativamente os casos entre jovens a
partir dos 12 anos, em grande parte por conta do padrão de beleza valorizado atualmente,
que parte do corpo esguio como um modelo a ser perseguido.
O papel dos pais
Pediatras ou mesmo clínicos gerais fazem o diagnóstico do transtorno alimentar,
porém, uma vez descoberto o problema, o ideal é procurar um psiquiatra ou um
profissional especializado na doença.
Ignorar os sinais ou adiar o tratamento pode ser perigoso. "O risco
é o adolescente desenvolver um quadro de desnutrição grave, que certamente vai deixá-lo
debilitado. No caso da compulsão alimentar, o perigo é ganhar peso e
desenvolver doenças crônicas associadas à obesidade, como diabetes e colesterol
alto", afirma a endocrinologista Maria Edna de Melo, do Grupo de Obesidade
e Síndrome Metabólica do Hospital das Clínicas de São Paulo.
E, muito além de levar o filho ao médico, é importante que os pais se
orientem e acompanhem de perto o tratamento, já que a taxa de reincidência é
grande. "Os pais devem ser um modelo de comportamento dentro de casa,
alimentando-se adequadamente e mantendo hábitos de vida saudáveis, mas sem exageros",
diz Kaio, da Unifesp.
Segundo o psiquiatra, é necessário conversar bastante com o adolescente.
"Os pais devem se colocar sempre na posição de quem quer ajudar a
encontrar recursos para vencer o problema, evitando julgar, criticar ou
resolver na base do conflito. Se o adolescente se sente acuado ou confrontado,
as chances do tratamento dar certo diminuem", declara a psicanalista Dirce
de Sá Freire, professora do curso de transtornos alimentares da PUC do Rio de
Janeiro.
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