Como evitar a depressão pós-parto
Publicado em 18 de Apr de 2013 por Ana Paula Ferreira
(UOL)
Texto: Fernanda Emmerick
Gravidez é espera, ansiedade e temor. No entanto, se a angústia se
transformar em uma enorme tristeza e num desprezo pelo recém-nascido pode ser
sinal de depressão pós-parto. Saiba como evita-la
Uma dica para evitar a depressão
pós-parto é cuidar do setor emocional como cuida do físico.
Tenha cautela e paciência. |
Toda aquela expectativa da chegada do bebê nem sempre é só flores,
berços ou mamadeiras. Muitas mamães, principalmente as de primeira viagem, não
conseguem lidar com a angústia e ansiedade comuns do momento. Por
isso, é importante ficar atento às transformações comportamentais e psicológicas
para que a magia da gravidez não seja substituída por uma fase
conturbada e cheia de lágrimas e rejeição com a depressão pós-parto.
A depressão, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), atinge
121 milhões de pessoas no mundo e 17 milhões só no Brasil. A psicanálise não
diferencia a “comum” da pós-parto, que acomete entre 10% a 20% das
brasileiras, pois o que as distingue é o objeto que desencadeia tal abatimento.
No segundo caso, ela aparece depois de três ou quatro semanas após o
nascimento do neném, ou seja, no período puerperal.
Entretanto, os sinais apresentados nessa fase que deveria ser tão
especial são os mesmos da depressão “comum”. “Os principais sintomas visíveis
são a falta de cuidado consigo mesma e com o bebê, a ausência de
higiene, constante expressão de tristeza, facilidade de chorar
e alterações graves no sono, humor e apetite”, afirma
Araceli Albino, psicanalista e presidente do Sindicato dos Psicanalistas do
Estado de São Paulo.
O perfil daquelas que sofrem ou sofreram desse mal costuma ser de alguém
com baixa autoestima, que não sabe enfrentar perdas, além de quem
passou por problemas de infertilidade e busca uma completude ao
engravidar. Essa mãe, então, não suportará perder tal laço, o que acaba
desencadeando um esmorecimento passageiro e leve ou mesmo uma profunda melancolia.
“No entanto, é importante não confundir com o baby blues, etapa normal
que acontece logo no terceiro ou quarto dia após o nascimento do filho e
é caracterizada por uma tristeza discreta e apenas uma dificuldade
para dormir e comer”, explica Gustavo Kroger, ginecologista da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP).
Contudo, é possível evitar a depressão pós-parto com cuidados
ainda no período de gestação. Veja abaixo quais são eles:
- Cuide do setor emocional como cuida do seu físico. Tenha cautela,
paciência e também bastante empenho.
- Busque conversar sobre o que está se passando com você e verá
como certas fantasias, emoções e desejos são comuns. Pode ser com seu médico,
um psicoterapeuta ou com um grupo de gestantes.
- Aceite que a chegada do bebê trará mudanças e nem sempre saberá
como fazer. Ficará atrapalhada, perdida, irritada e triste, mas nada disso quer
dizer que você está doente ou não gosta dele.
- Não fique fechada dentro de casa ou se dedicando somente a pensamentos
sobre o filho. Continue fazendo passeios, saindo com os amigos e conhecendo
lugares e pessoas novas. Se mexa!
- Prepare o ambiente familiar e conjugal para as
alterações que irão, inevitavelmente, acontecer na vida de todos. Converse
bastante sobre como poderão reestruturar o cotidiano de cada um envolvido.