quarta-feira, 31 de agosto de 2011

VIOLÊNCIAS DECLARADAS E VELADAS - AUTOR JOEL POLA

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Texto Chave: Gen.6: 5, 11 a 13.
E viu o SENHOR que a maldade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a imaginação dos pensamentos de seu coração era só má continuamente.
A terra, porém, estava corrompida diante da face de Deus; e encheu-se a terra de violência.

E viu Deus a terra, e eis que estava corrompida; porque toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra.

Então disse Deus a Noé: O fim de toda a carne é vindo perante a minha face; porque a terra está cheia de violência; e eis que os desfarei com a terra.

Introdução: - Estatística:

·         Sociedade Mundial de Vitimologia (SMV). – Brasil é o campeão mundial;  “a cada 16 mulheres uma mulher é agredida.
·         70% - das mulheres assassinadas foram vítimas de seus maridos.
·         Fundação Perseu Abramo – (FPA) – 43% das mulheres foram vítimas de violência sexual.
·         33% de alguma forma física.
·         24% com armas no cerceamento de ir e vir.
·         22% - agressão propriamente dita, 13% estupro conjugal.
·         27% violência psíquica.
·         11% - por assédio sexual – Apenas 57 % das mulheres brasileiras nunca sofreram qualquer tipo de violência, - Chegou a hora de Quebrar o Silêncio e Acabar com Isso !!!  (QS-2010)
O que é violência? - Entre as melhores definições de violência: - Constrangimento físico, qualidade do que é violento físico ou moral exercido sobre alguém, para obrigá-lo a submeter-se à vontade de outrem; coação. Tudo que atenta contra a pessoa e lhe causa danos. É opressão, tirania. Ela pode se dar de uma forma declarada, ostensiva, ou velada sutil, e lentamente gradativa.
            Essas modalidades de violência, são desdobramentos de seqüestros quer do corpo ou da mente.A violência declarada é a prova concreta do desrespeito, houve uma invasão de território , houve um delito, o corpo sofre na carne as conseqüências, aqui colocamos os assaltos, os assassínios, latrocínios, acidentes, esse quadro nos deparamos diariamente nas paredes de nossa vida.
Hoje quero chamar mais a atenção para as violências veladas, são as invasões que não podem ser vistas com facilidade, trata-se de um processo silencioso com o poder de minar a alma humana, e privá-la da autonomia. (Ilustração: da Filha de uma família libanesa- Mello Fábio, Quem me roubou de mim.p.13,14)
·         Perdeu seus pais na guerra, restou um único parente distante que a trouxe para um tio no Brasil, apenas com 15 anos. Chegou e já tinham arrumado um casamento para ela;não tinha um centavo no bolso, e não teve coragem de dizer não.
·         Nunca houve amor entre o marido e ela. Mais de 32 anos se passaram, servindo o marido sob todas as formas de escravidão: 8 filhos, 7 homens e uma mulher; 5 netos, e uma história de sofrimento que parece que saiu de um clássico de literatura;
·         Nos primeiros dias de convivência, o marido deixou claro que não seria fácil. Ela não soube discordar. As primeiras agressões em segredo, depois pequenos empurrões, até chegar ao absurdo de surras, que a deixavam marcada por todo o corpo. Ali estava um rosto desfigurado de tanto apanhar e sofrer.
·         As surras deformaram a sua alma, começaram leves. Antes do tapa, um grito, vieram os empurrões, depois os golpes violentos, tudo isto foi num salto pequeno. Tudo começa nesta vida, e só cresce se permitirmos.
Essa mulher não sabia sorrir, quando conversava com seu psicólogo, ele não conseguiu identificar um traço de alegria/esperança. >Como conseqüência paterna. Os filhos herdaram do pai os mesmos traços daquela personalidade violenta, e os seus palavrões. Importante, a única filha da mulher rebelou-se contra aquele tipo de estrutura familiar, foi embora para nunca mais voltar. Teve coragem e conseguiu sua autonomia.
A mulher não sabia o que pedir? - estava confusa e agora um agravante a mais, estava abatida com a morte de seu marido, sentia no peito um alívio, mas experimentava ao mesmo tempo o peso de não saber como recomeçar. Tinha medo:Pensava no seu transtorno de dependência: “Ruim com ele, pior sem ele!” -  Essa mulher era o símbolo do medo, temia a vida, como temia o marido morto. - Não dormia, suas horas de sono eram poucas. Vivia em constante ansiedade; como o seu marido fosse voltar a qualquer momento. Começou alucinar ouvia os gritos do falecido. Tinha sempre a sensação de que o espírito de seu esposo estava andando pela casa.
·         Aquela mulher não sabia viver mais longe de seu agressor. Isto é amor de domínio, é um amor estragado. Muitos homens acham que são proprietários de suas mulheres. Esquecem-se que têm uma certidão de casamento, e não uma escritura de propriedade.
·         Esta mulher aprendeu a engolir o choro, esqueceu de chorar, não sabia mais reclamar dos maus tratos. Seu coração foi subjugado por um homem frio insensível, que se tornou proprietário de sua vida, e roubou sua própria história, furtou a sua alma. Porque ela assim o permitiu.
·         A mulher autorizou o invasor; ele abriu o portão de seu coração e veio pisar nas flores de seu jardim. Depois de tanto tempo percebeu que não tinha voz, nem coragem para proclamar a ordem de seu despejo.
·         Pequenas permissões, abrem espaços para grandes invasões, grandes tragédias começam com pequenos descuidos, displicências miúdas. São as regras da vida, se quisermos o fruto teremos que ter empenho no cultivo do broto.
Uma realidade cruel:
·         Ela foi vítima de um seqüestrador, de um roubo não material, mas de um roubo profundo. Roubou a sua individualidade, seu poder de escolha, sua alma. Foi encerrada num cativeiro. Roubou a sua direção > ela não sabia dar nem mais um passo em direção a liberdade que agora lhe cabia.
·         O seqüestrador chegou quando a sua vida estava difícil, e frágil. Primeiro: violência velada, depois declarada, e finalmente gritada pra quem quisesse ouvir.O ladrão não foi repreendido, o agressor cresceu e alcançou força porque a vítima o nutriu. Hab. 1:2,3.
·         Agora esta mulher precisava voltar aos tempos de menina, fazer uma longa viagem de retorno ao tempo, precisava voltar a ser ela mesma, reaprender a viver por ter perdido a sua individualidade.
II – DECORRÊNCIA DAS VIOLÊNCIAS
Isto não acontece só com esta órfã libanesa, podemos encontrar exemplos no seio da vida conjugal: - Há muitas posturas arbitrárias tomadas por alguns maridos:
·         Ter a esposa que pedir dinheiro o tempo todo para as compras da família, e quando gasta alguns reais é severamente repreendida, e humilhada como se não soubesse gastar;Isto é marido ou capataz.
·         Ciúmes excessivos, alguns maridos não deixam as suas esposas saírem, ou fazem muitas perguntas para dar o salvo-conduto. Enquanto outros, telefonam excessivamente tentando acalmar os seus próprios ciúmes, ou até mesmo colocando suas esposas em alguma armadilha. Vêm coisas alucinam e fantasiam no temor de serem traídos.São doentes e não se bancam, vivem da insegurança.
·         Há quem agride os outros, aumentando a sua voz. Ninguém precisa gritar para demonstrar autoridade. Palavrões ou nomes dentro de casa, os filhos logo aprendem e começam a imitá-los nas suas divergências entre irmãos;
·         Outras violências maternas e paternas: - Freqüentemente ouvimos: “você não vai dar nada na vida!” – “você é um fracasso, incompetente, vagabundo preguiçoso”.- “Você é inútil, quando vai aprender.” –“ Você não cuida de seus irmãos, quando o mais velho teria obrigação de exercer uma função que não é a sua.”
·         Outras agressões poderão acontecer através do medo e da coação. Desqualificando os filhos a esposa, e assim por diante. A violência velada deixa marcas no caráter, porque inibe o desenvolvimento e o florescimento do caráter.
Este é o seqüestro da mente e do corpo é uma das mais duras realidades contemporâneas.O corpo sofre as conseqüências da violência declarada. Quero ainda ressaltar se possível as violências sutis, mais ingênuas. Ilustração: - Uma senhora gostaria de ter sido médica, mas o pai sempre proibira, porque achava que ela deveria ser advogada. Tentou fazer ciências biológicas , mas nada fez com que o seu pai mudasse de idéia. Será que estamos violentando os nossos filhos se não desejamos que eles escolham a sua profissão ou o seu futuro? – Esta moça nunca se opôs as decisões de seu pai, mas desistiu de seu sonho. Estudou direito se formou , mas nunca conseguiu trabalhar na área. Quando se casou se dedicou às prendas domésticas.        
                                                                                                                                                                            III – A Violência pelo Descuidar
As relações humanas estão sempre vulneráveis a riscos de atos violentos velados. Podemos identificar muitas delas nesse momento, especialmente o que tem acontecido entre pais e filhos: Se no passado a autoridade era exacerbada, hoje vivemos a ausência de referencial e autoridade.
·         Pais não estão sabendo lidar com os filhos que estão crescendo. Não estão fazendo qualquer tipo de intervenção para nortear o seu crescimento. Há uma crise nos papéis.Filho não sabe mais o que é ser filho; e muito Pai está em dúvida e não sabem o que é ser pai. – Prov. 29:17.
A maioria dos pais erra desejando acertar, ninguém afinal de contas quer errar na educação dos filhos. Aqui percebemos uma violência velada praticada contra crianças e adolescentes.Vamos voltar ao excesso de liberdade quando os pais, permitem que seus filhos façam o que bem entender de sua vida, também é uma violência cometida. Está-se impedindo o crescimento. Filhos estão sendo privados de limites.
Cada vez que uma criança é exposta ao direito de decidir, naquilo que ela ainda não está preparada, chamo este, também um ato de violência estou privando jovens e adolescentes e crianças de saberem o que é certo ou errado. Não estou treinando a escolha, isto é nosso dever. Ensinar, corrigir, advertir, persuadir e castigar quando for necessário.
Algumas mães estão queimando etapas em relação aos seus filhos. Há uma tremenda inversão de valores. Mães competindo com as suas filhas, pra ver quem é mais bonita, ou quem está mais magra. Mães vestindo as suas filhas como se fossem adulto-jovens, salto alto, maquiagem, baton, pintura nos olhos. Roupas de mulher. Parece que nisto os homens estão mais atrasados, vejo pais mais juvenis do que os seus filhos.
·         Quando eu forço uma criança a adotar um comportamento que não condiz com a sua idade isto também é uma violência, eu estou apressando um comportamento impróprio à sua idade, começo a exigir dela uma compreensão que ela ainda não tem. Forço a participar de um mundo que não é o seu. Estamos forçando a criança à orfandade. Estou com muita pressa que ela se torne adulta. Isto é violência sutil, mas é.
·         Crianças sem limite vão se tornar adultos imaturos e violentos. As relações precisam acompanhar a cada etapa, promover o amadurecimento a dignidade e o amor. Prov. 21:7
IV – O Pequeno Agressor
Agora vou contar a história de outra mulher. Nessa mulher não há marcas de violência, o que se percebia era um grande cansaço no seu rosto, muito envelhecido. Seu rosto mostrava o retrato de sua história.(Idem, idem 78 a 80)
·         Essa mulher nunca foi agredida por seu marido, um marido excelente provedor, aplicado, mas que não sabia amar/e ser pai/sempre despojado de sua autoridade. Um filho com menos de 9 anos assumiu o comando da casa. Filho arredio as regras, sem limites, que nunca foi ensinado ou corrigido. Ele conseguiu destruir o casamento jogando um contra o outro. O marido sentiu-se infeliz e incapaz de sofrer tanta humilhação. Resolveu ir embora, deixou de ser marido e pediu demissão de Pai.
·         Pensava que com a sua ausência as coisas melhorariam, imaginando que o filho poderia ser dócil com a sua mãe, mas isto nunca aconteceu. Ele nunca teve nenhuma influência na educação do filho, apenas a mãe. Ela sempre o desautorizava severamente.
·         Essa mãe procurou ajuda externa e confessou que tinha sido agredida duas vezes. Na 1ª vez passar pela sala levou o pé no cabo do videogame e arremessou-lhe uma tesoura. Na 2ª, foi coisa corriqueira e de quem ama. “Filho v. já tomou o café.” – Pior que a agressão do filho foi que ouviu da intenção que desejava matá-la.
·         Queria levar o seu filho a uma psicóloga, o menino recusou-se a entrar no consultório. A psicóloga insistiu para que retomasse a sua autoridade. A vida não era fácil a mãe confessou escolher palavras pois temia as suas reações. O filho assumiu o controle da mãe. Ela permitiu o acesso ao seu medo.
·         Ela queria ser agradável uma mãe muito bem intencionada, mas muito frágil, e temia errar. Não querer errar é uma fragilidade cruel, neutraliza as forças e ficamos em nosso pequeno mundo. Até das boas intenções nasce à violência. Boas intenções não salvam o nosso mundo. Amor de mãe cego conduz seus filhos ao caos. –-PROV. 30: 11 a 14. - 19:26
Voltemos à história da mãe boazinha - Trinta e sete anos e o agressor é apenas um homem de apenas 9 anos de idade. O menino fora privado de ser educado da forma correta, privou-o da autoridade, da disciplina que gera o caráter. O amor cego nos coloca em cativeiros. Muitos pais e mães estão acorrentados ou seqüestrados por seus filhos. Isto não é justo é violência velada.
Filhos e filhas sem limites, são órfãos de pai e mãe; eles delimitam o seu próprio território, sem ser vitimado. Não podemos abdicar da responsabilidade de educar. Estabelecer limites é um processo amoroso e longo. Percebemos que a violência não depende do tamanho ou idade de quem agride. Precisamos preservar a liberdade mínima de todos, que quando ameaçada representa um sério risco.
Conclusão: - Isa. 60:18 - A vida nos ensina uma sabedoria milenar, plantas precisam de podas, para que não ultrapassem os limites estabelecidos. Se não houver poda, a árvore avança o território que não podia ter avançado. As arvores crescem sob disciplina. A tesoura da poda é que dará o rumo a seguir. Isaías 59: 1- (Pesquisado e criado por Joel Pola em SP - 19/08/2010).

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